ENCONTROS, DESENCONTROS, REFLEXÕES....

ENCONTROS, DESENCONTROS, REFLEXÕES....
"And they actually believed it all!"

domingo, 27 de dezembro de 2009


Qual a melhor religião?

(Breve diálogo entre o teólogo brasileiro Leonardo Boff e o Dalai Lama).

Leonardo Boff explica:

"No intervalo de uma mesa-redonda sobre religião e paz entre os povos,
na qual ambos (eu e o Dalai Lama) participávamos,
eu, maliciosamente, mas também com interesse teológico,
lhe perguntei em meu inglês capenga:
- "Santidade, qual é a melhor religião?"
(Your holiness, what`s the best religion?) 

Esperava que ele dissesse:
"É o budismo tibetano"
ou
"São as religiões orientais, muito mais antigas do que o cristianismo."

O Dalai Lama fez uma pequena pausa, deu um sorriso, me olhou bem nos olhos
- o que me desconcertou um pouco, por que eu sabia da malícia 
contida na pergunta -
e afirmou:
"A melhor religião é a que mais te aproxima de Deus, do Infinito".
É aquela que te faz melhor."

Para sair da perplexidade diante de tão sábia resposta, voltei a perguntar:
- "O que me faz melhor?"

Respondeu ele:
-"Aquilo que te faz mais compassivo"
(e aí senti a ressonância tibetana, budista, taoísta de sua resposta),
aquilo que te faz mais sensível, mais desapegado, mais amoroso, mais humanitário, mais responsável...
Mais ético...

A religião que conseguir fazer isso de ti é a melhor religião..."

Calei, maravilhado, e até os dias de hoje estou ruminando sua resposta sábia e irrefutável...

sábado, 26 de dezembro de 2009


Apesar de todo o lugar comum, vampiros e lobos sedutores, a mocinha apaixonada e indefesa, a sociedade em busca de trucidar os monstros, algumas coisas me chamaram a atenção nos filmes “crepúsculo” e “lua nova”, dirigidos por Catherine Hardwicke e Chris Weitz, respectivamente, ambos inspirados nos livros homônimos da escritora norte-americana Stephenie Meyer.
O “frisson” causado por Edward Cullen, vivido pelo ator Robert Pattinson, “mocinho” (ou seria “bandido”?), em ambas as películas, e por seu arqui-rival ancestral, o canino Jacob (Taylor Lautner) que “usa” (mas só quando fica bravo) a licantropia, segundo minha amiga, a sacerdotisa Liduina Moura, um fenômeno utilizado por antigos feiticeiros, para metamorfosear-se em “animais de poder” (só que no filme de forma alegorizada), não diria que fora algo fora do comum, pois DÉ JÀVU, mas um tanto quanto mais direto, no que diz respeito à catexia do público, principalmente feminino, com as personagens.
Ouço comentários e vejo a movimentação midiática em torno do segundo longa que, assim como o primeiro, tornou-se uma verdadeira sensação, nessa temporada. Os monstrengos que antigamente arrancavam gritos histéricos da platéia horrorizada, hoje arrancam suspiros apaixonados, e por vezes comentários de cunho explicitamente sexualizados. Um movimento interessante de nossa época, onde tudo é possível de ser ter, bastas que se esteja disposto a pagar o preço.
Esse é o preço que a heroína sem sal, Bella (Kristen Stewart), está disposta a pagar, o que não acontece de imediato, pois o vampiro em questão refreia seus desejos mais primitivos, o que é muito interessante também de se perceber. As feras bestiais de hoje em dia estão mais comedidas do que os “seres-humanos”, no que diz respeito à satisfação imediata de seus desejos.
Também pudera toda essa histeria. Antigamente, enchia-se as telas do cinema com figuras bizarras de orelhas horrendas e dentes pontiagudos prontos a trucidar quem encontrasse pela frente, como os clássicos protagonizados por Béla Lugosi (1882-1956).
Hoje, não menos bizarro, entra em cena jovens um com um topete cheio de fixador, com corpo purpurinado e dentes menos salientes, que com seus 109 anos continua, conforme uma expectadora, “um pitelzinho”, outro que anda o filme todo sem camisa, a mostrar seu dorso malhado, como diria Pablo Villaça, em uma interminável propaganda de calça jeans.
De um lado o vampiro Edward que, em um ataque de sadismo às avessas, deixa na expectativa de que morderá ou não a pequena lesma, que passa o filme inteiro bradando: “Me transforme, Me transforme, Me transforme”, oferecendo-lhe assim a vida eterna, ficando em um jogo interminável, frustrando, não só as expectativas masoquistas de Bella, mas também as dos expectadores que lotam as salas de cinema, a espera de pescoços dilacerados e enxurradas sanguinolentas.
Do outro lado, grunindo, o CANIS FAMILIARIS, o índio Jacob, demonstrando ser o melhor amigo da mulher, e a oferece seu lombo amigo, nos momentos em que a lambisgóia Bella suspira de saudades pelo morceguinho.
Quem vencerá, essa incrível demanda?