ENCONTROS, DESENCONTROS, REFLEXÕES....

ENCONTROS, DESENCONTROS, REFLEXÕES....
"And they actually believed it all!"

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010


PONTO FINAL

Enchemos nossas vidas com pontos finais. Simbólicos ou não. É o ponto final do expediente para descansar com o famoso Happy Hour. O ponto final do dia de trabalho para ir pra casa. O ponto final de semana para ir ao sítio. O ponto final do mês para receber o salário. O ponto final do ano para comemorar e tirar férias, etc.
Ao que parece, necessitamos de pontos finais para, ao concluir nossos ciclos e nos sentirmos melhor.
Vivemos a cultura dos pontos finais. A princípio, precisamos deles para descarregarmos nosso stresse diário e recarregarmos nossa bateria.
Mas o que percebo é que, economicamente, esse períodos de relax são extremamente desproporcionais aos períodos em que nos submetemos aos descontentamentos do cotidiano. Tendemos a transformar a maior parte do nosso precioso tempo em fardos pesados, difíceis de carregar. Condenamo-nos, às vezes, a privilegiar os momentos mais estressantes da vida.
Será que não nos consideramos merecedores de vivermos como se sempre fosse domingo ou sábado à tarde, ou que nossas semanas fossem sempre como as do natal e do Réveillon?
Dia 31 de dezembro passado, comecei a escrever o presente texto, em meio ao alvoroço em torno das comemorações de final de ano, as quais me motivaram a escrevê-lo, em busca de lançar luzes às minhas reflexões. Elucubrações já anteriormente feitas, inclusive em longas e saborosas conversas com um grande amigo, grande artista, e pensador, Óscar Ramos, que já vem laborando numa tentativa hercúlea em por um ponto final em seus pontos finais.
Venho, há algum tempo, buscando fazer o mesmo. Alguns, no entanto, são extremamente necessários. Imagine se eu resolvesse ficar escrevendo esse texto indefinidamente. Seria insustentável. Mas observe, quero colocar um ponto final no texto e não em minha vontade de escrever. Tive que colocar pontos finais em relacionamentos amorosos que jaziam em estado terminal, mas não em minha capacidade de amar.
Portanto, cheguei à uma conclusão. Certos signos são muitos importantes, pois nos facilitam administrar situações. No entanto, o grande diferencial reside no uso que fazemos deles.
Por exemplo, hoje estou com uma gripe daquelas, e o que quero mesmo é colocar um ponto final nela.
E ponto final.